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Dólar fecha a R$ 2,225, após ata do Copom e nova atuação do BC

Depois de alta moderada pela manhã, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) cederam no fechamento.

Fonte: Valor Econômico

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem trouxe a sinalização de que o Banco Central dará continuidade ao ciclo de aperto monetário, reforçando as apostas refletidas nos contratos futuros de juros de uma nova alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic, hoje em 8,5%, na reunião do Copom em agosto. O tom mais "hawkish" (favorável ao aperto monetário) da ata juntamente com as atuações do BC no mercado de câmbio contribuíram para o dólar fechar em ligeira queda de 0,09%, a R$ 2,225, descolando da alta da moeda americana verificado no cenário externo.

Depois de alta moderada pela manhã, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) cederam no fechamento. A ata do Copom não teve impacto nos contratos futuros de juros de curto prazo. O DI outubro 2013 - que concentra as apostas para a reunião de agosto - fechou estável em 8,42%, refletindo uma alta de 0,50 ponto da taxa Selic em agosto, para 9%. Analistas citaram o parágrafo 17 da ata para justificar a manutenção do ritmo de aperto, em que o Copom afirma entender ser "apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso".

Depois de agosto, o jogo é outro. O mercado de juros futuros vê mais uma alta da Selic no encontro do Copom em outubro, mas se divide quanto à magnitude. Pode ser que o Copom reduza o passo e eleve a Selic em 0,25 ponto. O DI de janeiro de 2014, que espelha justamente as apostas para o rumo dos juros daqui até o fim do ano, fechou a 8,75%, estável.

Pelas contas de operadores, o contrato traz implícita a expectativa de alta da taxa básica de 0,38% em outubro. Em relatórios sobre a ata do Copom, os prognósticos para a taxa básica no fim do ano variam entre 9,25% e 9,75%.

A ata divulgada pelo BC destacou que a depreciação cambial constitui uma "fonte de pressão inflacionária" em prazos mais curtos, reforçando a necessidade de "adequada condução da política monetária" para limitar os efeitos secundários do choque de câmbio ao longo do tempo.

O economista do Santander, Cristiano Souza, ainda vê um cenário de pressão inflacionária para os próximos meses em função do repasse da desvalorização do câmbio para a inflação. O banco trabalha com uma projeção para o dólar de R$ 2,30 para o fim de 2013.

Segundo Souza, a cada 10% de desvalorização do câmbio há um aumento de 0,8 ponto percentual para a inflação. No ano, o dólar sobe 8,91% em relação ao real.

Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) mostrou alta de 6,7% no acumulado em 12 meses, acima da meta de inflação de 6,5%. No mês, a inflação ficou em 0,26%, abaixo dos 0,37% registrado em maio. O economista do Santander destaca, no entanto, que a queda da inflação no meio do ano é sazonal e que ela tende a crescer nos últimos meses do ano. O banco trabalha com um cenário de mais duas altas de 0,50 ponto percentual para a taxa Selic neste ano, devendo encerrar em 9,5%.

A economista-chefe do BNY Mellon ARX Investimentos, Solange Srour, também trabalha com um cenário de R$ 2,30 para o dólar no fim de 2013 e prevê mais uma alta de 0,5 ponto da taxa Selic em agosto. Depois disso, segundo Solange, há possibilidade de o BC desacelerar o ritmo de elevação da taxa básica de juros. "Se a inflação continuar resiliente podemos ter mais uma alta de 0,5 ponto e depois mais duas de 0,25 ponto."

O BC aproveitou a redução da pressão de alta do dólar no mercado futuro para rolar para 2 de dezembro 20 mil contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro) que venceriam em 1º de agosto, que somaram US$ 994,9 milhões. A autoridade monetária anunciou a realização de outro leilão de 20 mil contratos de swap cambial para hoje. Com a rolagem de ontem, sobram US$ 4,715 bilhões em contratos de swap com vencimento em 1º de agosto.